Depoimentos

 

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A história da criação do Centro Nacional de Pára-quedismo

BOITUVA ILUSTRADO
VOLUME   IV

NOTAS SOBRE O AUTOR :

NEWTON RAUL FARIA DE ALMEIDA é natural de Bauru- SP., onde nasceu aos 3 de novembro de 1934, filho de Roberto Faria de Almeida, natural de Laranjal Paulista - SP., e de Constânça dos Santos, portuguesa, natural da Freguesia de Arcos

Fundou em 1971 o  “CENTRO NACIONAL DE PÁRA-QUEDISMO”, de propriedade da Confederação Brasileira de Pára-quedismo, na cidade de Boituva-SP., foi Diretor Administrativo da Federação Paulista de Pára-quedismo, fundador, Diretor Administrativo, vice-presidente e Presidente em várias gestões, do Clube de Pára-quedismo de Boituva, enquanto a entidade se manteve em atividade.Foi e ainda é grande divulgador do município de Boituva, tornando-o conhecido até internacionalmente, o que lhe tem valido, ao longo do tempo, de Moções de Agradecimento, Aplausos, Reconhecimento, pela Câmara Municipal de Boituva, e por último, em 1992, foi agraciado com o Título de CIDADÃO BOITUVENSE”.

Ad perpetuam rei memoriam (Para a perpétua lembrança dos fatos)

 O autor

“Preservar a história, enquanto ainda é possível, é  nosso objetivo”

Neste volume abordaremos a criação do Centro Nacional de Pára-quedismo em Boituva, e a fundação do Clube de Pára-quedismo de Boituva, e na condição de fundador de ambas as entidades, o fazemos com a clausula de “Ad  Perpetuam Rei Memoriam”, isso em razão das inúmeras versões distorcidas que veiculam pela cidade, cada qual pretendendo dizer a verdade sobre o que não é vero. 
Assim como na interpretação legal, existe a autêntica, que é a originaria do próprio elaborador da Lei, que com muita propriedade pode dar a interpretação exata, dos objetivos então colimados quando de sua feitura, aventuro-me a deixar aqui registrados os fatos e nuances, bem como, a documentação existente, na criação do Centro Nacional de Pára-quedismo em Boituva.

A CONSTRUÇÃO DA PISTA DE POUSO

Em 1967 a SERMARSO S/A  atual SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENGENHARIA  E COMÉRCIO S/A – “SOBRENCO” , com parque operacional e canteiro de obras em Boituva, para a construção de trecho da Rodovia Presidente Castello Branco, e com séde  à atual Avenida Professora Célia de Lourdes Vercellino, 1201, para acompanhamento da obra efetuada,  por seus engenheiros e administradores necessitava  de meios de locomoção rápida e eficiente da Capital até a obra.  e acabou por projetar uma pista de pouso para tal locomoção, em terreno de propriedade de Dona Desdêmona Primo Pinese. que franqueou o terreno, permitindo àquela construtora a obra planejada, que teve início e conclusão rapida do objetivo colimado e assim foi aberta uma pista de 950 metros de comprimento por 100 metros de largura, que devidamente homologada recebeu o prefixo SSOT – 23º 17´ S – 47º 41’ W – altitude de 650 metros. A pista de pouso propriamente dita recebeu compactação com “pés de carneiro”, correspondente a 15 toneladas numa largura central de 30 metros, por toda a extensão da mesma. E assim foi que já em 1968, tal pista encontrava-se registrada no AIP-BRASIL (publicação de informações aeronáuticas do D.A .C – Departamento de Aviação Civil).  A curiosidade desta área predestinada, e que recebeu o
“Pirajá” é estar localizada no mesmo meridiano, grau e minuto da Capital da República – “Brasília”.

Levantamento Aerofotogramétrico efetuado pela VASPViação Aérea São Paulo, nos dão conta dos locais mencionados, mesmo anteriormente a 1968, onde poderemos assinalar o local utilizado pelo “Pirajá”; local onde se localiza precisamente o aeródromo SSOT, hoje de propriedade da Confederação Brasileira de Pára-quedismo; local conhecido como “Cascavel” atual Residencial Primo na entrada da cidade, quem vem de Porto Feliz, onde também, em anos posteriores aterrissaram pequenos aviões  em festas aviatórias aqui realizadas¸local onde ocorreu o primeiro salto de pára-quedas em Boituva, propriedade do Sr. Vicente Laureano, nas proximidades da atual rua dos Lavradores; local onde se realizaram as primeiras decolagens de balões a ar quente e o lançamento de pára-quedistas, num total de seis, onde se situa o Alvo do Centro Nacional de Pára-quedismo, propiciados pelo Comendador Victorio Truffi e sua equipe, em 31 de maio de 1981.(Pioneiro das atividades Balonísticas no Brasil)  a convite do então Presidente do Clube de Pára-quedismo de Boituva, Dr. Newton Raul Faria de Almeida, que hospedou os visitantes e do Sr. Carlos Affonso Augusto Pizzarro – Chefe de Reportagem das “Folhas” e Diretor dos Acemistas Voadores e do Departamento de Pára-quedismo do Aéro Clube de São Paulo.

Como já vimos acima, referida área rural pertencia a Dona Desdêmona Primo Pinese, na ocasião da construção da pista de pouso pela empreiteira responsável pela construção do trecho da Rodovia Presidente Castello Branco, mas, em 03.11.1969, por Escritura Pública lavrada no 2º Tabelionato de Notas  de Porto Feliz – Livro 60, fls. 125, o Sr. Alfredo Sartorelli, adquiriu, entre outras, uma gleba de terras rurais que denominou SITIO CAMPO DE AVIAÇÃO, mas cuja propriedade não constava menção de tal benfeitoria em sua descrição,  por conseqüência, também não do necessário Regístro Público da Comarca.

Foi  em meados de ano de 1970 que se realizaram os primeiros saltos de pára-quedas em Boituva, na chácara de propriedade do Sr. Vicente Laureano, em área de seu pasto, adrede preparado, para receber os atletas que ali se exibiriam.

Tudo começou no afã de propiciar rendimentos para a Corporação Musical Sagrados Corações, fundada pelo Sr. Rodrigo Holtz, que ensaiava á rua Seis de Setembro, numa antiga casa de esquina com a Cel. Arruda Botelho, de propriedade do Sr. Tancredo Primo, quase vizinha do autor, que em suas horas de folga para alí se dirigia, a fim de assistir aos ensaios, amante de bandas e fanfarras que é, e acabou por tomar conhecimento das dificuldades que a corporação  passava, Falou então com seu irmão Décio, dirigente máximo do Pára-quedismo civil, na época, que imediatamente prontificou-se a patrocinar uma exibição de pára-quedismo em Boituva, de forma graciosa, para que através de uma arrecadação popular  pudéssemos levantar os meios financeiros para beneficiar tal corporação musical.

A idéia ganhou adeptos, e assim foi que o Sr. Antonio Brasil Holtz, primo do autor, imediatamente colocou-se á disposição para auxiliar na preparação do terreno, onde um pequeno alvo com pó de serra obtido na Serraria do Sr. Antonio Vitiello foi elaborado.  Os cupins existentes na propriedade “exageradamente” foram pintados com cal, e nos quatro cantos do local pneus velhos foram colocados para serem queimados na hora do salto, para melhor indicarem a direção do vento reinante, o que realmente foi feito na hora dos saltos. Enquanto isso, Zeliza Franco, igualmente prima do autor , oferecia pequenas flores de pano por ela cuidadosamente elaboradas, em troca das contribuições que espontaneamente   eram efetuadas. A cobertura do evento havia sido comunicada á população pela “Folha de
Boituva”, que inclusive se fez representar na pessoa de seu editor Rogério Gomes Filho “Lelo”.  Ás 14:00 horas, vindo de Americana, surge o Cessna 175 PT-BBR, pilotado pelo Comandante  Augusto de Oliveira “SALVAÇÃO”, e tendo o alvo em terra sido sinalizado de seu desimpedimento, lançou sucessivamente três pára-quedistas do Clube de Pára-quedismo Piratininga, da Capital do Estado, a saber: Atílio Salti, Gabriel James (Bié) e Ademir Benedito Pereira, que chegaram (todos) ao centro do alvo, cabendo a Ademir fazer a “mosca”,  (pisar sobre pequeno círculo de papelão de 10 centimetros de diâmetro colocado exatamente no centro do alvo);  O local fora isolado por cordas, para evitar a aproximação do público com os atletas, e apesar  de apresentar-se precariamente, nenhum incidente registrou-se com a população que, entre curiosa e ordeira, portou-se bem a contento. Sob os acordes da Corporação Musical Sagrados Corações, presente no local exibindo-se e executando marchas e dobrados, Coroou-se de êxito, a primeira demonstração de pára-quedismo em Boituva. A importância angariada, cerca de CR$ 200,00 da época, foram depositados em conta corrente na Caixa Econômica Estadual, agencia de Boituva, em nome da Corporação, da qual era presidente na ocasião o Sr. João Batista de Arruda e Tesoureiro o Sr. Antonio Brasil Holtz.

Nesta foto acima, feita pelo autor, quando dos primeiros saltos de pára-quedas em Boituva, notamos, da esquerda para a direita: Décio Faria de Almeida – Presidente da União Brasileira de Pára-quedismo,  “Bié”(Gabriel James)- atleta,  Tancredo Primo – Presidente do Lions Club local,  José Eurico Ferriello – Prefeito Municipal de Boituva,  Atilio Salti – atleta,  Rogério Gomes Filho (Lelo) – Presidente do Rotary Club local e Diretor da “Folha de Boituva”,  Ademir Benedito Pereira – atleta, e Roberto Faria de Almeida, pai dos irmãos Décio e Newton., todos reunidos após os três saltos, para a foto histórica  em meados de 1970.

A SEMENTE
A exibição de pára-quedismo foi um sucesso, muito comentado por todos que a viram e a notícia correu fronteiras.  Pára-quedismo um espetáculo para festividades presidenciais, havia sido realizada em Boituva e êsse foi por algum tempo o comentário obrigatório em todos os pontos de encontro.
Nessa época, Décio Faria de Almeida, Presidente da então União Brasileira de Pára-quedismo, entidade que fora organizada no país, com sua participação e idealismo, para administrar todo esse desporto em território nacional, cunpria seu papel,  acompanhando  os registros da novas Federações Estaduais, incentivando a abertura de novos clubes, disciplinando e regulamentado o esporte no território nacional, e dentre as dificuldades na proliferação do esporte estavam os aviões lançadores, os locais de saltos que não viessem atrapalhar as atividades aéreas dos aeroportos, que quando desativados eram facilmente franqueados aos pára-quedistas, mas ao simples afluxo de gente decorrente da nova atividade desportiva, provocava também o retorno dos pilotos locais, que sentiam-se prejudicados por aquelas atividades, e esse circulo vicioso era sem dúvida o grande obstáculo a ser transposto, já que, quando da criação da então União Brasileira  de Pára-quedismo, procurando-se conhecer a sua subordinação verdadeira, para não ferir interesses maiores da nação, foi consultado o Exército Nacional que possue uma tropa dessa especialidade, o resultado foi negativo, o Exército consultado declinou de  manter sob sua tutela atividades civis, consultada foi a Força Aérea Brasileira, que pelas mesmas razões restringiu-se ao controle do espaço aéreo nacional, buscou-se então o Ministério da Cultura Esportes e Turismo, que reivindicou para sí a tutela da União Brasileira de Pára-quedismo, proposta até que essa atingisse condições de se transformar em Confederação, tal qual ela é hoje.  Daí a pensar em conseguir-se uma área própria para tal prática, no Estado de São Paulo, para que pudesse ser melhor administrada, onde não surgissem os antigos problemas com aviadores de aéro clubes que sentiam-se prejudicados com a prática de pára-quedismo no mesmo local, outrora abandonados, mas que em razão do afluxo de povo, traziam a presença sempre constante de público e daí a possibilidade dos vôos panorâmicos franqueados aos freqüentadores.

Reuniões, bate-papo, conversas informais, eis que os Irmãos Stein, em Limeira, tentaram conseguir  junto á Prefeitura local, uma área contígua ao aeroporto para sediar um Centro Nacional de Pára-quedismo.  Já com uma sessão marcada  na Câmara Municipal local, para discutir tal assunto, este chegou ao conhecimento de Newton através de um interlóquio com seu irmão Décio e lembrou-se do velho aeroporto abandonado após a conclusão da Rodovia Castello Branco, no km.117, mais, lembrou-se das excepcionais condições meteorológicas de Boituva, a sua altitude ideal (650 metros), as facilidades de locomoção proporcionada pela própria rodovia recém inaugurada, da exata localização da pista de pouso, ao lado da rodovia e da sua proximidade com o trevo de acesso junto ás linhas da então Estrada de Ferro Sorocabana, da hospitalidade do povo boituvense, tudo enfim para dar certo, mas...  havia pressa em se conseguir o local porquanto Limeira estava prestes a resolver o assunto.  Newton lembrou a Décio, que o atual proprietário  da gleba rural onde existia o campo abandonado, era um amigo de infância de seus pais, que presenciara a exibição de pára-quedismo efetuada em Boituva mêses antes, e conseguiu o assentimento de Décio para tentar obter por doação, ou comodato, a referida área, onde o pára-quedismo pudesse ser praticado e desenvolvido livre de constrangimentos ou imposições de terceiros.  Tratou de por-se  a  campo Newton, e fazendo-se acompanhar do amigo Antonio Carlos Nogueira, sobrinho do Sr. Alfredo, para a casa do mesmo dirigiram-se e lá chegando, Newton expôs todo o assunto ao Sr. Alfredo Sartorelli, na presença de sua esposa D. Luiza Rosa Sartorelli.  De início o sr. Alfredo conjecturou que uma área daquele tamanho 60.500 m2  era uma doação muito grande para ser efetuada, mas logo em seguida, ponderou que com a compactação da pista, ela de momento pouco serviria para lavoura e acabou cedendo, já que isso segundo ele mesmo seria bom para Boituva, mas havia um pequeno problema a ser resolvido... a cabeceira Sul  da pista de pouso utilizava-se de pequena parcela de propriedade do sr. Napoleão Jorge e filhos.  Newton em seguida dirigiu-se á residência do Sr. Napoleão Jorge, também amigo de mocidade de seu pai, e a ele relatou todo o problema, conseguindo alí mesmo a autorização verbal para a execução dos trabalhos necessários, mas um outro pequeno problema surgiria, uma pequena área retangular também pretendida para completar o terreno necessário a elaboração do alvo, estava plantada com  cana, por um arrendatário.  Newton logo pela manhã procurou pelo lavrador Benedito Januário Inácio, que autorizou por escrito particular  a utilização imediata da pequena área, mesmo com prejuízo para a safra de pequena parte  de sua lavoura.

Décio foi incontinenti comunicado da cessão das áreas e no mesmo dia dirigiu-se a casa de Newton e juntos foram a Iperó, onde era cartorário o amigo Ivam Laurindo Matarazzo, que lavrou a procuração necessária da União  Brasileira de Pára-quedismo, na pessoa de seu Presidente,  Décio Faria de Almeida, para  Newton Raul  Faria de Almeida, receber escrituras de doação, cessão em comodato, enfim para a realização dos negocios de interesse da União Brasileira, procuração essa que foi lavrada no dia 13 de outubro de 1971, também a título gracioso.

OS PRIMEIROS CONTRATEMPOS

Tudo estava sendo feito muito rápidamente, mas alguns problemas surgiriam...

O primeiro deles foi saber que o então IBRA – Instituto Brasileiro de Reforma Agrária, mantinha para a zona rural de Boituva um desdobramento mínimo de 15 há. E isso impossibilitava a lavratura de uma escritura pública, porquanto havia de ser feito um processo (demorado) para se obter a autorização para tal desmembramento em parcela menor por tratar-se  de área para a prática de atividades desportivas e culturais, mas... não havia tempo para tal, e isso poderia levar alguns mêses, mesmo porque o IBRA estava sendo transformado em INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Optou-se então por um Instrumento Particular de Doação que Newton preparou meio ás pressas, e ao que tudo indicava, estava resolvido o problema, quando...

No dia seguinte pela manhã foi procurado por um advogado local, a quem o Sr. Napoleão Jorge incumbira de acompanhar o assunto para a doação do terreno que lhe pertencia e sobre o qual seria construído o alvo, com uma circunferência de 100 metros de raio, entretanto não havia mais tempo  para tais preambulos, e Newton, muito constrangido e abatido dirigiu-se naquela noite á casa do Sr. Alfredo Sartorelli para desobrigá-lo da doação que havia sido feita anteriormente, a área do alvo, e que não lhe pertencia era imprescindível, quase que até mais do que o próprio campo...   O descontentamento , estupefação  e incredulidade fora tanto que o Sr. Alfredo perguntou a Newton Faria, - para essa coisa sair aqui em Boituva, o que mais é preciso ? – Terreno Sr. Alfredo, mas... o senhor já doou tanto ! – Um longo silêncio pairou no ar, até as batidas dos segundos do relógio da sala do Sr. Alfredo eram ouvidas com nitidez.- ao que o mesmo ponderou, bem eu vou pensar no assunto ! – mas a pressa Sr. Alfredo respondi-lhe eu – a resposta veio como um raio – amanhã cedo eu te procuro na sua casa.  Despedi-me cabisbaixo, consolado mesmo no caminho até o portão, por Dona Luiza Rosa Sartorelli, que  tendo colocado uma de suas mãos num dos meus ombros me disse – Filho ! marido e mulher pensam com a cabeça no mesmo travesseiro !

A SURPRESA

No dia imediato, tão logo o sol surgira, toca a campainha de minha casa, fui atender, era o Sr. Alfredo, que viera convidar-me para ir até o terreno e mostrar-lhe qual a área pretendida.  Acompanhei-o sem ao menos tomar meu café matinal  e lá no local propus-lhe que a nova área desejada, poderia  sobrepor-se sobre parte da pista que o mesmo já havia doado por Escritura Particular, mesmo porque tal raio de 100 metros era de “aproximação dos pára-quedistas”  e isso iria diminuir a área da nova gleba, e que também não necessitaria ser uma doação, porquanto uma cessão pública em comodato bem serviria (inclusive para que se consignasse na Matrícula do terreno não só o Comodato, mas sobretudo a escritura particular de doação, já que as duas áreas pleiteadas eram contíguas e se confrontavam na base do semicírculo em Comodato, com a lateral da pista de pouso doada por escritura particular). E assim foi feito...

Convém que lembremos, que o módulo de desmembramento de 15 ha exigido pelo IBRA, com o INCRA é hoje da ordem de 3 ha para o município de Boituva, o que não modifica a situação,  porquanto a  atual área doada, ainda é inferior ao módulo legal de desmembramento, que continua dependente de autorização especial.

A notícia correu célere, para satisfação e gáudio dos pára-quedistas, alguns dos quais em plena atividade num Curso de Monitores que se realizava em instalações do  C.T.A. – Centro Técnico de Aeronáutica (Pavilhão X-10) de São José dos Campos, através do empenho pessoal do Sub-Oficial Pangoni, a quem o pára-quedismo brasileiro também muito deve.    Todos entusiasticamente aplaudiram.


ASSIM ERA A PROPRIEDADE  DO CASAL ALFREDO – LUIZA ROSA SARTORELLI

A Escritura Particular de Doação, da área de 60.500 metros quadrados do Sr. Alfredo Sartorelli e sua mulher Dona. Luiza Rosa Sartorelli para a União Brasileira de Pára-quedismo na pessoa do seu procurador especial Newton Raul Faria de Almeida onde foi consignada em 14.10.1971 uma cláusula especial de não poder a União Brasileira de Pára-quedismo, aliená-la, cedê-la ou emprestá-la.


  ALFREDO SARTORELLI

Em 19.10.1971 lavrou-se a Escritura Pública de Cessão em Comodato de uma área de mais 27.800 metros quadrados, por quinze anos, renovável indeterminadamente, desde que a União Brasileira de Pára-quedismo não a deixe de utilizar por mais de dois anos consecutivos                                 

O documento particular de doação foi levado a Registro de Títulos e Documentos, apresentado mediante protocolo que recebeu o número  2.403, do Cartório do Registro de Imóveis e Anexos da Comarca de Porto Feliz, que o registrou sob número 1655, do Livro B-2 ás fls. 345 e foi microfilmado.
Como conseqüência dos fatos já narrados, foi fundado o CENTRO NACIONAL DE PÁRA-QUEDISMO em Boituva, o primeiro da América Latina, e até o presente momento o único, decorridos já vinte e oito anos, desde aquele dia 13 de outubro de 1971.


                                                             

                                     ÁREA DOADA PELO CASAL  ALFREDO -  LUIZA ROSA SARTORELLI

Para as primeiras providências de instalação do referido Centro, havia um certo tempo a ser despendido, de forma tal que a União Brasileira fizera um  pedido ao Presidente do Conselho Nacional de Desportos, Brigadeiro Jeronimo Bastos,  que oficiasse o Exmo. Sr. Governador do Estado de São Paulo, na época Sr. Laudo Natel, para que este autorizasse a colocação do  Funcionário Público da Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública, ouvido o Sr. Secretário de Estado, para, com atribuições bem definidas, pudesse o Sr. Newton Raul Faria de Almeida ficar á disposição da União Brasileira de Pára-quedismo, pelo prazo de noventa dias,  para a implantação do referido Centro, o que realmente ocorreu.
Terraplenagem,  recuperação de cercas, abertura de poço para suprir a área de água potável, construção do alvo, em padrão de primeira classe,  instalações sanitárias para atletas e público em geral, estudos para a colocação de luz elétrica e telefone no local, enfim, uma verdadeira montanha de grandes empreendimentos...  tudo sem dinheiro... inclusive o projeto e execução de meios de acesso á área.

Ainda mais, a União Brasileira de Pára-quedismo, programou o Campeonato Brasileiro de Pára-quedismo para Boituva, no início do ano de 1972.

A euforia era tamanha, que não aventávamos a hipótese de qualquer insucesso.  Newton recém residente em Boituva, tornou-se verdadeiro “pedinte em causa alheia”, não houve porta em que não pedisse auxílio, de qualquer natureza, fosse colaboração financeira, cessão de máquinas e veículos, mão de obra braçal de particulares e da própria Prefeitura, agora então já feito contato com o Sr. José Eurico Ferriello, Prefeito da época, que jamais negou-nos ajuda, o mesmo acontecendo com os integrantes de nossa Câmara Municipal de então, e foi assim que por Comodato a Prefeitura cedeu-nos 650 metros cúbicos de pedregulhos para o revestimento da área do alvo propriamente dita,  numa profundidade de 40 centímetros de altura e 150 metros cúbicos de areia fina de rio, lavada, para a elaboração da parte central do alvo, num círculo de 20 metros de diâmetro e de igual profundidade (40 centímetros), a partir daí iniciava-se o prolongamento do pedregulho, em mais 15 metros de raio, os restantes 75 metros do raio do círculo, urgia que se plantasse grama.

Entrega do alvo

Caminhões e mais caminhões da Prefeitura Municipal e até mesmo de terceiros faziam o transporte  da areia e do pedregulho necessário, tudo a “toque de caixa”, para que fosse possível a realização do Campeonato Brasileiro programado, para o qual inclusive foram convidados , uma equipe da Argentina e alguns pára-quedistas norte-americanos.

 



ÁREA CEDIDA EM COMODATO PELO CASAL ALFREDO- LUIZA ROSA SARTORELLI EM 1971

Faltava balizamento na pista de pouso, faltava “biruta” indicadora da direção e intensidade do vento, enfim, faltava tudo... menos coragem  para enfrentar a situação, já estávamos acostumados  a isso de outras jornadas, em nosso dicionário a página que continha apalavra “insucesso” havia sido arrancada

Havíamos começado algo muito maior do que nossas forças nos permitiam e por essa razão envolvemos nossos amigos, utilizávamos de nossos conhecimentos, a todos sempre tínhamos o que pedir, e ser atendidos... mercê da confiança que  era depositada nos irmãos  Newton e Décio Faria de Almeida.

Espalhar a areia e o pedregulho no alvo, era tarefa de gigante, mas Newton com a colaboração de alguns jovens entusiastas locais, e com o seu próprio trabalho, elaboraram  uma “Vaca”  (taboa de 4 metros de comprimento, por 30 centímetros de largura, com dois furos nas extremidades, por onde passava uma  corda, e na parte central, um caíbro 5 x 6 servindo de cabo) que era arrastada em movimentos circulares, paralelos á circunferência do alvo , e nesse arrasto ia nivelando a base, nesse trabalho de tração estavam 3 ou 4 rapazes, e movendo a lâmina de madeira que ia nivelando o piso, mais um ou dois  revezando-se na tarefa, que para pessoas experientes já era difícil.




ASSIM FICOU A PARTE DA ÁREA DOADA E CEDIDA EM COMODATO PELO CASAL ALFREDO-LUIZA ROSA SARTORELLI

Newton, acompanhado de seu tio Orlindo, dirigiu-se num determinado dia até os escritórios do D.E.R. em Itapetininga. Newton ia tentar conversar com o Superintendente, Dr. Tucunduva, irmão de um conhecidissimo Delegado de Polícia, ainda mais, estava indo recomendado pelo seu compadre, Dr. Accacio Cardoso de Carvalho Júnior, na época Chefe de Gabinete do Sr. Secretário dos Transportes do Estado de São Paulo, Dr. Paulo Salim Maluf.  Recomendara entretanto seu compadre, para apresentar-se, expor o assunto, ouvir as ponderações e  as manifestações de possível desagrado, em razão da urgência que tínhamos do assunto, transferindo ao D.E.R. a solução do urgente problema.  Procedemos conforme a recomendação, e ouvimos toda uma sorte de incertezas sobre a efetiva realização do pretendido. Era simplesmente a abertura de um semi-trevo junto ao Pontilhão da então Estrada de Ferro Sorocabana, para possibilitar o acesso á área, localizada no lado oposto ao da cidade.  Quando ainda não tínhamos ouvido um único sim, mas igualmente não tínhamos ouvido um “NÃO”, identificamo-nos como sendo compadre do Dr. Accacio, que nos havia prevenido sobre as dificuldades que iríamos encontrar, em razão da urgência do problema.  A conversa mudou completamente de rumo, não mais se falou em dificuldades, os engenheiros Deny e José Victor foram chamados (este último viria a ser colega do autor na Faculdade de Direito), foram informados do problema e solicitados a informar sobre o trabalho das máquinas necessárias, sua localização e estágio das obras que estavam sendo no momento ultimadas..  Decidiu-se sobre o deslocamento das mesmas que já haviam concluído os trabalhos em questão, mas fazer um mini-trevo, onde ? em terras de quem ? era necessário que se conseguisse uma autorização dos proprietários dos terrenos envolvidos. Ficou então acertada a visita a Boituva dos dois engenheiros, Deny e José Victor, o que aconteceu nas primeiras horas do dia imediato para a verificação da realidade do problema “in loco”, mas naquela mesma noite Newton havia procurado o Prefeito de Boituva, José Eurico Ferriello e este havia conversado então com  o Sr. Ítalo Labronice, um dos sócios da Usina Santa Rosa, proprietária dos terrenos, que de imediato, sem hesitação cedeu-nos o terreno para tal finalidade, e ainda mais, autorizou-nos a cortar os eucaliptos sobre o mesmo plantado que utilizamos como mourões de cerca para reparar a existente em mau estado,  do campo de aviação. Tudo sendo resolvido no seu devido tempo, quando os engenheiros chegaram a conclusão que seria mais fácil ao D.E.R., asfaltar o semi-trevo depois de concluído, do que fazer um novo onde estava previsto (nas imediações do Posto Scala) para servir a cidade de Boituva, com isso ganhamos alguns quilômetros em nosso acesso a parte central da cidade.

                                                           

No dia imediato valendo-nos de mão de obra que nos foram oferecidas, cortamos os eucaliptos e os transportamos para o lado da pista de pouso, a seguir chegaram máquinas e operários do D.E.R. e os trabalhos foram rapidamente executados, inclusive foi reduzida uma enorme declividade de uma curva num outro pontilhão que leva ao Bairro da Americana e instalações de Tratamento de Água da Sabesp.

 Tinham razão os dois engenheiros, por ocasião da elaboração do trevo de acesso á Boituva, a melhor opção, foi a do asfaltamento do já existente, que desemboca na Avenida Mário Pedro Vercellino, na parte mais alta da cidade.. Não faltou, é claro, na ocasião de tal asfaltamento e inauguração, a presença de um determinado deputado, reivindicando para sí  a  sua interferência para a conclusão de tal obra, mas não devemos nos esquecer que ainda estamos no Brasil...


                                                         
Na área de saltos do CNP, Newton aponta ao longe ao seu irmão Décio, então Presidente da União Brasileira de Pára-quedismo a extensão das terras doadas pelo casal Alfredo e Luiza Rosa Sartorelli, isso em outubro de 1971.

 

NASCE TAMBÉM UM CLUBE DE PÁRA-QUEDISMO 

Mas o trabalho todo, ao que parecia, ainda era pouco, e haveria a necessidade da existência de um clube local para manter a atividade da área sempre constante, como se esperava.
Newton convoca alguns amigos para reunirem-se em sua casa numa noite do dia 21 de novembro de 1971, convida ainda o monitor de pára-quedismo Aldamiro Dondon Filho “Miro”, residente na cidade de Campinas, atleta de reconhecidos méritos desportivos, também a pára-quedista Vera Lúcia Alcântara Goulart do Clube de Pára-quedismo de Campinas, e seu irmão Décio.

Compareceram em tal reunião os senhores Alexandre de Souza Bueno, Antonio Carlos Nogueira, João Alfredo Sartorelli, Francisco Carlos Sartorelli, José Olímpio Rosa, Geremias Dalmazo Neto. José Eduardo Sartorelli, José Carlos Camargo “Caio”, Ítalo Malatrasi Júnior, Waldir Módolo, José Teodoro de Mari e Roberto Pegorelli, quando foi  anunciada aos presentes, o motivo da reunião, com a pretensão da fundação de um Clube de Pára-quedismo na cidade, para complementar as atividades desportivas no Centro Nacional de Pára-quedismo. Assim ficou decidido por unanimidade, a criação da referida entidade, ficando  cargo de Newton a  elaboração e apresentação de um Estatuto para reger os destinos da novel entidade.

Uma azáfama terrível, fazia com que se misturassem as atividades do Clube com as do Centro, daí a eterna confusão que alguns boituvenses ainda fazem até hoje, ora chamando o clube de centro e o centro de clube, mas tudo isso não tem a mínima importância.

Também no Clube, tudo necessitava ser feito,  papelada, compra de material de salto, angariar doadores mensais para a manutenção do clube, e nada tínhamos a oferecer... além de sonhos.

Mas voltemos á criação do Centro Nacional de Pára-quedismo ! Alguns dias haviam se passado, e quando já estávamos prontos em reduzir o comprimento da pista, já que a cabeceira Sul  não nos pertencia, fomos procurados por Antonio Carlos Jorge  acompanhado do advogado da família, propondo a cessão do terreno que havíamos anteriormente desejado, mediante a concessão de uma passagem na cabeceira Norte da pista, para a sua propriedade, já que a pista de pouso não lhes permitia acesso á sua propriedade, sem aumento de uma distância considerável, ponderamos  a perda de uma faixa de 15 metros na cabeceira Norte, acrescida de mais 25 metros de faixa proibida para construções pelo D.E.R. e indicamos um marco adrede colocado em sua propriedade,  a área correspondente que se tornaria inutilizável para a União Brasileira de Pára-quedismo para tal propósito, e assim, de pleno acordo entre as partes, recebemos em permuta, a cabeceira Sul da pista, mais uma área triangular correspondente  em metragem na cabeceira Norte em troca de tal passagem.  Tal documento, também por instrumento particular elaborado pelo advogado do Sr. Napoleão Jorge e filhos, foi assinado em  16 de dezembro de  1971
        

ÁREAS PERMUTADAS COM O SR. NAPOLEÃO JORGE E FILHOS EM 16.12.1971

 



“FAC-SIMILE” DA PÁGINA  EM QUE CONSTAM AS OBRIGAÇÕES IMPOSTAS AOS DONATÁRIOS PARA A DOAÇÃO DOS TERRENOS MENCIONADOS

A seguir, transcrevemos a parte grifada do mencionado documento, para melhor conhecimento dos leitores:
..., condicionada a presente doação à obrigação de a outorgada donatária construir , às suas expensas, um acesso à propriedade dos outorgantes doadores, através do rebaixamento de área situada no início da cabeceira norte da pista de pouso, de propriedade da donatária: que a outorgada donatária fica impedida de ceder, ou transferir, onerosa ou gratuitamente, mesmo  a instituições congêneres, os quinhões ora doados:  (grifo do autor)

O ÚNICO TÍTULO CONFERIDO PELA CONFEDERAÇÃO

Antes  da realização do VIII CAMPEONATO BRASILEIRO DE PÁRA-QUEDISMO, fez a entidade máxima do Pára-quedismo Civil Brasileiro, ainda ostentando o nome de UNIÃO BRASILEIRA DE PÁRA-QUEDISMO,  a outorga de um Título de “ Beneméritos” da entidade, ao casal  ALFREDO SARTORELLI e LUIZA ROSA SARTORELLI , em sessão pública solene realizada em Boituva  no início de 1972, em nome de todo o pára-quedismo civil brasileiro.

Tal outorga foi conferida em reconhecimento, sobretudo á clarividência do casal, que tudo fez, na corrida contra o tempo,  para assegurar à Boituva, a primazia da instalação da mencionada área esportiva, que asseguraria não só o afluxo de pessoas à Boituva, mas sobretudo a tornaria  internacionalmente conhecida, fato esse que realmente ocorreu e vem ocorrendo até nossos dias, dando-lhe inclusive uma dimensão nacional, fonte de divulgação do município em periódicos de todo o país,  também na imprensa internacional.

Tudo isso, sem contarmos a imensa doação de gleba rural de sua propriedade...

Entenderam alguns, que tal medida da União Brasileira de Pára-quedismo deveria ser estendida também ao Sr. Napoleão Jorge, o que não ocorreu, pois as duas situações foram perfeitamente diferentes.  No caso do casal  Alfredo e Luiza Rosa Sartorelli, o que propiciou a outorga do título, não foi a doação do terreno em si, mas  a presteza com que o casal se portou, inclusive dispondo de mais área, que cedeu em comodato público, para assegurar a instalação da área inédita no país, para Boituva, o que realmente aconteceu.  No outro caso  a doação feita quando a área já estava assegurada para Boituva, ainda impunha condições de a donatária ter de construir uma passagem na cabeceira Norte da pista, para assegurar melhores condições de acesso à propriedade dos doadores.

UM TÍTULO  DE “HONRA AO MÉRITO”  RECUSADO

Com a instalação do Centro em fase adiantada, pára-quedistas já haviam começado a utilizá-la e assim os fins de semana eram movimentados na prática do desporto, uma novidade para os moradores locais, inclusive pouco habituados com o sobrevôo de aeronaves sobre a cidade, a prática do desporto era a “coqueluche” da cidade, movimentou-se o comercio local, a procura por  informações sobre a cidade, fez com que antecipadamente  soubessem os paulistanos das facilidades de acesso, que despertou nos mesmos, a possibilidade da aquisição de chácaras de repouso e lazer, hoje bastante explorada.

Movimentou-se então a Câmara Municipal em reconhecer  o mérito das pessoas que haviam possibilitado tal feito para a cidade, e foi assim que o então Vereador Dr. Guilherme Pinese, filho de Dona Desdêmona Primo Pinese,  de tão grata e saudosa  memória,  e antiga proprietária do imóvel, que tão gentilmente havia cedido a área para a empreiteira construtora do trecho da rodovia,  pudesse construir ali uma pista de pouso para atender suas necessidades administrativas e operacionais, propôs aos seus pares a outorga de Títulos de Honra ao Mérito ao Casal Alfredo e Luiza Rosa Sartorelli, Newton Raul Faria de Almeida, e outras mais pessoas, mas... um Vereador, Dr. Arnaldo de Sottovia Arruda, desconhecendo as nuances da doação, e que sequer havia ainda ocorrido, sugeriu e foi aceitas pela maioria, pelas mesmas razões, a inclusão do nome do Sr. Napoleão Jorge ,  evidentemente não havia equidade no mérito para tal outorga, e assim, o Título foi recusado por Newton Raul Faria de Almeida.

Ao tomar conhecimento do fato, o Vereador Guilherme Pinese, amigo pessoal do autor, procurou-o tentando dissuadi-lo de tal recusa, chegando mesmo a procurá-lo em suas casa, fazendo-se acompanhar do então Prefeito José Eurico Ferriello e do pai do autor, Sr. Roberto Faria de Almeida, mas não conseguiram dissuadi-lo.
O Vereador Guilherme Pinese perguntava ao autor, o que diria aos seus pares.  Resolveu então Newton, responder por escrito à Câmara Municipal, dando as explicações que o levaram a tal  recusa, o que fez em longa missiva, para não deixar seu particular amigo em “situação difícil” perante seus pares.  Na verdade, tal Título acabou por não ser  recebido por ninguém.

Entretanto, posteriormente outros viriam... e seriam recebidos, sobre as mais variadas razões...  inclusive  o de “Cidadão Boituvense”, decorridos mais de vinte e tantos anos após o fato, quando o autor em razão de insidiosa  moléstia havia tido amputada uma das pernas, e a seguir, alguns anos depois, também parte metatarsiana do único pé então existente, e continuava vivendo só...

Na época dos fatos, o Sr. José Eurico Ferriello, colocou o funcionario público municipal Vicente Leopoldino á disposição de Newton para os trabalhos de campo necessários. Homem de uma certa idade, corrreto, honesto e trabalhador, não se furtava das missões que lhe eram incumbidas diariamente, quer fosse na recomposição de cercas, movimentação de terra, transporte e locomoção de materiais chegados na área, e foi assim, que tendo o Sr Ricieri Primo cedido também um trabalhador braçal a Newton, e com a colaboração dos jovens José Carlos de Camargo  “Caio” e José  Olímpio Rosa “Zezito”, que apareceram com um trator e uma furadeira mecânica, aliviando o trabalho de colocação de mais de uma centena de mourões e o esticamento dos arames. O Trator fora conseguido na Fazenda do Pinhal de propriedade da Família Rosa, o arame doado por diversas pessoas, proprietários rurais que nos ajudaram, enfim... tudo era colaboração desinteressada, mesmo porque, o benefício seria para Boituva, e todos aguardavam a realização do Campeonato Brasileiro e a inauguração do Centro, muito embora os pára-quedistas já o estivessem utilizando.

O Comandante “Belo”, Avelino Alves de Camargo, partia de Piracicaba, pilotanto sua aeronave um Cessna 180 de prefixo PT – AFU, chamado por algum clube praticante, em sua maioria a Associação Desportiva da Polícia Militar, que já começava a brevetar os seus pára-quedistas civís, através dos monitores “Antonio Amaral de Freitas”, “Antonio Cassemiro das Dores Filho” e a primeira turma de pára-quedistas de Boituva, formados pelo monitor “Aldamiro Dondon Filho”, da cidade de Campinas; também o Clube de Pára-quedismo de Campinas frequentava a área, assim como  os atletas de Piracicaba, a Associação Cristã de Moços, e a frequencia sempre constante de  “Alfredo Echebarra” e “Rispoli”, que posteriormente filiaram-se ao Clube de Pára-quedismo de Boituva, assim como “Fernando Furukawa” e sua mulher também pára-quedista, “Marilda” ambos monitores.

SURGE MAIS UM PROBLEMA

Certa feita, estávamos nós na área de saltos, quando fomos procurados por um policial rodoviário, que reclamava de nossas atividades, porquanto os motoristas utentes da Rodovia Presidente Castello Branco estacionavam em longas filas nos acostamentos da pista de rodagem, para com segurança, assistirem as atividades que involuntariamente lhes proporcionávamos, mas atrapalhavam o fluxo normal da intensa movimentação da rodovia.

Tal inconveniente certamente precisariamos sanar, para evitarmos reclamações futuras. Não nos sentíamos responsáveis pelo fato, mas colaboração era necessário recebermos e prestarmos, evitando dessa maneira toda e qualquer possibilidade de atrito. A solução encontrada, mais uma vez, foi procurar o nosso  bom e velho amigo Sr, Alfredo Sartorelli, que mais uma vez, e outras tantas nos atendeu, desta feita, entretanto, fomos pedir a ele permissão para utilizarmos até que ele nos pedisse de volta.