Palavrões
Uma vez, em 1987, fui convidado pelo Fideles, juntamente com o Luciano Valezin, a Fátima Moraes (de Boituva) e o Terrinha, para fazer uma demonstração em uma pequena cidade do interior (não me lembro o nome) do Estado de São Paulo.
No pacote da demonstração estava incluído um salto duplo do Fideles com o filho do prefeito da cidade e também um vídeo com cenas aéreas e dos pousos dos pára-quedistas.
Era a única câmera que tinha por lá e portanto tínhamos que caprichar !
Fui incumbido de fazer as cenas aéreas.
A idéia do salto era simples. Iria saltar, fazer um TRV com o Luciano e logicamente filmar a cidade de cima.
Na época eu falava muitos palavrões ( hoje ainda falo, mas um pouco menos, he, he, he ).
Tudo combinado, saltamos, num lindo dia de céu azul, fizemos um biplano e em seguida um side-by-side. Imagens ótimas !
Chegamos no solo, felizes com a perfeita demonstração.
Fomos então para um local determinado pelo prefeito e cheio de gente importante da cidade, para assistir a filmagem do salto, com as belas imagens da cidade vista de cima.
Quando ligamos a televisão, estava todo mundo animado e a expectativa era muito grande.
Vídeo nessa época ainda não era muito comum, principalmente numa cidadezinha minúscula como aquela. Começaram a aparecer então cenas um pouco constrangedoras.
Eu estava narrando o salto de cima da seguinte maneira :
Olha que cidade linda, esta XXX (errei o nome da cidade), olha que “puta vista” , “caralho, saltar é um tesão ! ”. “Porra, Luciano, fica mais perto, caralho, senão não consigo te filmar direito ! ”. E ainda por cima fiz uma gozação com o tamanho da cidade !
Neste momento, algumas pessoas riam, outras ficaram de boca aberta (não imaginavam ouvir tantos palavrões !) e o ambiente ficou um tanto constrangedor.
O Fideles, que como sabemos nunca foi chegado a palavrões, estava furioso (eu diria, puto da vida ! ).
Olhou para mim com aquela super-tolerância sua, e disse: Vc NUNCA mais vai fazer demonstração com a câmera !
Aí eu me lembro como se fosse hoje, eu disse: “Caralho Fi, foi sem querer...”
No meio da apresentação do vídeo e com medo que surgissem mais horrores e impropérios, o Fideles “arrumou” um defeito na câmera e desligou a televisão. Inventou uma história qualquer para entreter as pessoas, e combinou de mandar o vídeo depois, devidamente editado !
Logo após, fomos embora...
Na viagem de volta, logo depois da raiva inicial, rimos muito todos nós, até chegarmos em casa.
Por
Mauricio Catelli
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