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Terceira idade
                                                                                                                                              Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
               Solon Rodrigues Santos tem 1.244 saltos de pára-quedas no currículo.
                             Prática do esporte começou na juventude

Comportamento

Vovôs radicais, netos nem tanto

O espírito aventureiro não diminui com o passar dos anos. Nada é desculpa para abandonar a adrenalina dos esportes radicais

Publicado em 31/07/2008 | Maria Gizele da Silva, da sucursal

Ponta Grossa - Enquanto a maioria dos idosos se contenta com uma caminhada para exercitar o corpo e um bailinho com os amigos nas horas de lazer, os vovôs radicais acham essas atividades muito insossas. Aos fins de semana, eles preferem escalar montanhas e até saltar de pára-quedas, para desespero dos netos, que nem sempre os acompanham nas aventuras. Mesmo depois dos 60 anos, eles mostram que é possível encarar desafios com muita adrenalina, sem esquecer da segurança.

Sólon Rodrigues Santos, de Curitiba, 75 anos, conta os dias para retomar seu esporte favorito. Um acidente de carro o afastou do paraquedismo há dois anos. Embora não tenha sofrido seqüelas, ele pretende retomar o esporte com o mesmo pique anterior. E investe nisso. Neste ano, tentou saltar em Boituva, no interior paulista, mas uma chuva insistente não o deixou decolar. A viagem não foi em vão. Santos recebeu uma homenagem por ser o vovô do esporte.

Esportistas desde jovens

A prática de esportes na terceira idade não tem contra-indicações, mas é preciso cautela e segurança. O professor de Educação Física Joel do Nascimento, do Rio de Janeiro, lembra que os adeptos aos esportes radicais geralmente têm um estilo de vida diferenciado, com alimentação saudável e a prática constante de exercícios. Mas, lembra, começar um esporte radical da noite para o dia exige cuidados.

“Uma pessoa que foi a vida toda sedentária e, depois da aposentadoria, quer praticar um esporte radical pode enfrentar problemas. A força muscular, a tonicidade, a capacidade de respiração já não são as mesmas da juventude”, explica. Ele reforça que os praticantes de esportes de aventura já têm um histórico de atividade física. Nada impede a prática de esportes depois de passar por exames orientados por profissionais. “A idade não é uma barreira”, diz.

Veterano, mas longe da aposentadoria. “Quero fazer mais alguns saltos para daí pendurar as chuteiras”, promete. Santos tem no currículo 1.244 saltos praticados desde 1955, quando se tornou pioneiro no esporte no Paraná e ajudou a fundar associações de pára-quedistas no estado.

“É indescritível a emoção de saltar de pára-quedas”, conta. A paixão pelo esporte começou quando ele ainda era militar. No seu histórico estão incluídos saltos por todo o Brasil e até no México. Em apenas duas ocasiões Santos levou sustos. O pára-quedas principal demorou a abrir, mas não o deixou na mão – para seu alívio e o dos seus familiares.

Dos seis netos, apenas o mais velho experimentou o paraquedismo, aos 7 anos, acompanhado por um amigo do avô. O amor pelo esporte foi herdado apenas pela neta Camila Cora Santos de Moraes, 20 anos, que é adepta do atletismo. “Toda a família o apóia”, diz. Santos garante que o hobby não é motivo de preocupação. “Até andar de bicicleta pode ser perigoso, por isso, se você for pensar no medo, não faz nada”, diz.